sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Isto consome-me, desfaz-me, mata-me. Nós somos todos velhos senis, estas ruas não são cidades, são vilas, aldeias de desilusão. Não passa homem, não passa mosca, passa o bêbedo que sobe a rua da adega, ser que pontapeia o ar com o olhar e segue caminho sem dar por mim. E é o abandono que me esfola, a insatisfação que me dói. Porque é que o Mundo, porque é que o Mundo não vem e pega em mim. Não me abraça e me deixa cerrar os olhos assim. Ficar aqui assim, adormecer aqui assim. Eu carrego os túmulos de mil homens, rosas giram no seu interior. Elas gritam, elas desvanecem, elas desfalecem, eu também vou acabar assim. A terra que mil pés caminharam, a terra com que outros enterraram, eu tenho terra nos olhos para não cair aqui, para não me deitar aqui. Mas porquê? Os meus braços quebram aqui, os meus joelhos cedem aqui, a minha dor não existe aqui, eu sou o que já sofri. Eu morro aqui.

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